*Pearl_Jam_Black

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Catharsis


She smiles like a child
But she is sad like no other
She opens the door
To run away from troubles
But catharsis follow her in any place
And she thinks:
- "What happened to my life?
What is my sin?"
The answer didn't appear
The pain trusted in his victory
And it's true
Her eyes no more brought their beautiful shining
Death dominated all the feelings
And gave power to the hatred and desilusion
Words couldn't save a only tear
And the demon's castel lauged
Of her madness
Of her broken dreams
Of the begining of stability's destruction...

sábado, 25 de dezembro de 2010

All I want for X-mas is myself


Natal? Não sei bem qual o significado desta data, e cada vez mais a desconheço. Vejo grandes famílias nos filmes reunidas para pôr a conversa em dia e para partilharem "amor". Pura ficção! Ouço pessoas a falar em trocas de presentes e harmonia, reunidas à lareira envoltas de sorrisos verdadeiros. Forma de evasão do mundo real? Comigo não há cá nada disso!
Não sou religiosa nem tão pouco espiritual, mas gostava de poder contextualizar esta estranha data do mesmo modo. Mas não! Continuo a ver pessoas desunidas, fome pelo mundo (vamos tentar imaginar o que uma criança africana desejaria alcançar nesta época, olhando para a imagem! Tarefa árdua, não? Para qualquer uma delas é, mesmo pensar quando um segundo de ideias ou sonhos pode representar uma oportunidade única de encontrar uma migalha no chão), a dividir a minha vida com vigaristas, mentirosos, lamentos e lamechices, o dia não seca as lágrimas à minha volta... Não choro, mas ouço choros... Minto, choro muito por dentro! As provações e confrontos do dia-a-dia não morrem com esta "data especial"... Inocentes e réus continuam a sê-lo, falhados e invejosos continuam a tentar apunhalar-me e eu continuo a ter mesma sede de vingança, talvez porque o silêncio seja maior. Só escuto este fogo de artifício que não se mostra a pessoas felizes, acolhidas no calor de seus lares, com os olhos petrificados na tv, a jogar cartas ou até mesmo a discutir sobre a reunião do próximo feriado. Mais me encho de cólera, não que se deseje mal a quem está a ser feliz nesta fase, mas porque é aqui que me questiono para que ainda respiro...
Tudo contra mim mesma! E pressinto mais choros, e laços "desenlaçados" e pessoas estúpidas, e eis que pensamentos suicidas me dominam... Também assassinos... Só penso em aniquilar os monstros com falta de ocupação que tão mal me querem... Que invejam alguém que se sente sem qualquer virtude à mostra. E que levam todos os outros a odiar-me pelo que me fizeram de nocivo - ricochete que a bala me feriu! Sou agora o ex libris da cidade, pois ela está deserta, só me tem a mim, os outros (incluindo monumentos) têm um abrigo, já nem me lembro de que dia estou a falar. Mas deve ter muito significado para mim, dado que o meu estado do facebook é "boa Páscoa". Ups! Sinto-me um pouco confusa. Bem, acho que vou dormir e torcer para que o Pai Natal tenha uma boa viagem no seu trenó e visite todas as pessoas crentes deste mundo... Para aquelas que ainda têm fé... Mas que não me tente fazer de otária a mim...
THE END

terça-feira, 30 de novembro de 2010

(...)

Era uma vez uma ideia... Uma ideia que esperava um dia pertencer ao pensamento de alguém. Alguém que queria tanto ter uma ideia, mas ela não fluía como era de esperar. E assim se procurava entender o que fazer com todas as peças. O puzzle permanecia incompleto. Incompleto se sentia quem tanto buscava mudar o rumo do jogo. Lançar os dados e acertar na área final. E a força da gravidade era tão estranha, que puxava sempre o pino para o lado errado. E a angústia era constante... E era uma vez uma ideia que não surgia no meio de todos os passos. E acabou-se a história com elementos irreconciliáveis que acabaram num jogo estratégico mas impossível de ser ganho... Sem ideias...

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A cold day

It's cold
It's a cold day
And I'm so happy with my lovely presence
I killed all ghosts that make me powerless
I'm God and all saints that I believe...
My thoughts...
I'm the own star of the sky that I made
And it's cold
This idea is destroying the holes that had steel my heart
And I'll give a smile to the world
A blind smile, and that's real
Or not?
Nobody can change this happiness
Because nobody knows me
Nobody let me bring a new colour
But somebody unknown makes the way easier to me
Or something...
A word
A gift
A shadow...

Factos

E ela disse isto:

"Neste momento, quero me libertar dos sentimentos que me "prendem" o caminho iluminado. Quero o impossível, e, por isso, vejo-me na escuridão. Queria pensar de forma simplificada de maneira a atingir este fim inalcançável. Sinto-me "presa", com falta de recursos. Estou farta disto! Busco um sentido... E tudo isto para me sentir realizada, coisa que há muito tempo não sinto. O que vejo à minha volta é que vivemos num mundo de ilusão. Porque é que choro quando já há muito "aprendi" que as pessoas que me cercam são todas iguais e se alimentam de almas atraiçoadas? E parece que tenho prazer em transbordar este sofrimento!
O medo da morte instala-se em mim. Cessa também o meu ideal juvenil que crê veemente na imortalidade. Mas olho para o lado, e as pessoas já não estão lá. E dói... Desapareceram por entre o nevoeiro que ofusca a minha visão. E fico receosa que as próximas pessoas a partir sejam aquelas que mais amo. E doí ainda mais... Para quê tanta lamentação, tanta procura, se sempre soubemos o final?"


by Joana Magalhães

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Bla bla bla

Não me apetece dormir. Não sei porquê, mas não o faço. Estou envolta numa chaminé de fumo que me perturba. Mas fui eu que a quis. Fui eu que a construí. E este pesadelo corrobora-me por dentro, permanecendo com os olhos bem abertos para o sentir de forma mais realista. Sinto uma nuvem vitual na qual flutuo. Balanço, e são tonturas funestas estas que "abanam" os rastilhos de pensamentos ilusórios que ainda são meus. Não os quero; porém, nunca conseguirei apagá-los até que o juízo final os dê por findados. Vou enlouquecendo sem poder ver mérito alguma nisso. São aquelas lâminas que cortam sem estar afiadas. É o ricochete (sim, porque o tiro é lançado com tanta pressão!) da arma desprovida de balas. A mina que me faz explodir sem sequer a ter calcado. E eu aqui, sem nada, sem qualquer poder, totalmente petrificada... Mas não devia também conseguir um feito sem meios para o alcançar tal como os elementos enumerados o "fizeram"? Infelizmente nasci nesta hipnose constante, anestesiada por aquelas agulhas semelhantes ao tic-tac perturbador de um relógio banal com a capacidade de em segundos transformar o mundo. E porque o mundo sou eu... Aquele universo paralelo à universalidade, aquela terra sem chão que consigo pisar.
Era bom que tudo fosse assim! Era a heroína de um drama corroborador como é o dia em que estou a escrever. Estranho conseguir escrever... Caricato estar a reflectir sobre assuntos tão pouco elucidativos... E não páro! Sou feita de energia. Excessivamente eléctrica para "cuspir" algo que já estou a inventar. A crença de que me sinto angustiada sem motivo aparente. E porque há dias assim...
E meses... E anos... Só na eternidade alcançarei a glória. A irmandade do património que jamais construirei. Os templos imaginários de quem lutou para não ser ninguém em específico. E se isso é significado de força ou coragem? Nem respondo a esta interrogação aleatória e raramente retórica, pois não estou em condições para o fazer, como nunca estive. Até porque os problemas que levanto fogem à racionalidade que me fora incutida um dia pelos superiores. E porquê? Quando (se) me sentir em condições para o fazer, responderei de modo específico. Promessa a mim mesma de quem pouco cumpre.

domingo, 31 de outubro de 2010

Open your eyes...


Mordes a língua como se não fosse tua, para "engolires" aquilo que te corrompe no íntimo. Silencias aquela voz que não é tua por natureza, pois do que é teu, nada deves esconder quando é necessário fazê-lo e mesmo gritar mais alto do que um tímpano humano consiga suportar. Escondes-te de quê??? Vais permitir que a sociedade te lave o cérebro como quem apaga riscos com uma borracha em impetuosos segundos? Vais tapar os olhos quando sabes que a tua única alternativa é assistir ao filme ou à peça de teatro calado(a) e que irás avaliá-lo com pontuação máxima para não seres indelicado(a)? Mesmo que nada conheças do dito filme/peça de teatro? E o realizador? Será que o merece? Será que trabalha exclusivamente a pensar em ti? Será que popularizou um guião que mude a tua visão do mundo? Que te faça mais feliz? bateste palmas ou riste de um programa de comédia que em nada te anima? Já? ou não? Eu já. Fui muitas vezes a única apoiante da palhaçada da minha vida porque era minha, e não de outra pessoa. por isso! Não porque fosse em variados momentos o que eu escolhi, mas porque nada fiz para impedir que algo acontecesse de outro modo. E não foi... Mas não voltará a ser assim...

Grito a mim mesma

Eu no dia-a-dia gosto de sorrir mesmo quando sou obrigada a esconder as lágrimas numa reserva já completamente inundada...
Gosto de acender o meu cigarro e de perceber que quando penso que a vida é curta, há um elemento que arde e "morre" em escassos minutos;
Gosto de ouvir música e de gritar o meu próprio hino distinto de qualquer melodia até hoje criada;
Gosto de pegar no lápis e pintar os olhos para transmitir profundidade naquilo que vejo;
Gosto de chatear os meus verdadeiros amigos, pois sinto necessidade de o fazer;
Gosto de "teimar" mesmo quando não tenho razão, só porque simplesmente me apetece;
Gosto de ser eu mesma, até em qualquer um dos instantes em que não sei bem quem sou;
Gosto de pintar letras sem significado aparente para perceber algo que me é oculto;
Tenho prazer em me tentar conhecer nos dias em que sou anónima... Só porque gosto de gostar de ser assim!

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Diário

Escrevo através de palavras desconexadas o que flui na minha alma. Os meus pensamentos são o meu diário mais fiel e secreto. Ora rio de mim mesma, ora fico estática, absorta nas ideias que surgem assim do nada, à procura de apenas uma diminuta adesão. Falo por falar, mas tudo o que digo, sinto. Não entendo esta tenebrosa imaginação que nunca me pertenceu, mas que de mim se apodera. Hoje sorrio, ao contrário do que ontem fiz, mas amanhã talvez irei derramar lágrimas, como nunca o fizera outrora. Sim, sou eu... Continuo a ser eu! Mas cada vez mais afirmo isto em busca de um dia encontrar a minha verdadeira identidade. Mutante em vias de transitar para a perfeição; espírito puro e invencível a degradar-se ao longo das fases lunares. Não sei se evoluo, não sei se retrocedo. Sei apenas que a alguém afecto, embora também saiba que na verdade em ninguém deixei marcas. Sonho ser uma peça triunfante do vestuário de um invisível como eu. No entanto, os ornamentos esvoaçaram pela janela que se abriu de rompante como quem dança ao sabor do vento. E persisto em ser "eu", sem nome ou qualquer outro tipo de identidade. Só eu. Eu e mais uma réstia de pegadas imaginárias que dei no sótão que nunca existiu em minha casa. Moro bem no primeiro andar e sinto-me tão alta! Mas jamais alguém me viu... E assusta! É tão perturbante este estado natural de me descrever, sem nada saber sobre mim...
Vou assim continuando, dia após dia, a pesquisar o meu paradeiro...

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Procura sem fim

Às vezes paro, às vezes paro e corro
Sempre à espera daquele pedido de socorro
Que tanto procuro, mas nunca vem
Abro os olhos e vejo que sofro como ninguém
Aprendo que o oásis não está no deserto
Há que ver a realidade sempre num tom encoberto
É este sentimento interrogativo que me destrói
A cada momento que passa é uma lágrima que me corrói
Tudo se assemelha à gardénia que nasce do nada
Arbusto espinhoso que dá belas flores como de manada
E eu não quero confinar as coisas más da minha existência
Mas sim aprender a lidar de forma positiva com esta vivência
Porque a avidez nunca irá ter un fim
Ela está sempre presente em mim
Assim vou murmurando rastilhos de amargura
Até ao dia em que encontrar pedaços de ternura
Sorrisos, olhares, pensamentos, amplexos
Que permanecem escondidos em anexos
Dentro das palavras que não mais cessam
Até que toda a embolia as impeçam
De sair de um ser que só deseja ter consignatário
Treina dia após dia mais um gesto para seu inventário
Na esperança de obter uma resposta afável
Pois o silêncio será eternamente uma arma pouco dissociável

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Festa!

Festa!
Há sempre festa dentro de mim! Em cada passo que dou, o ritmo de dança torna-se cada vez mais contagiante e original até que caio no meio de uma vasta camada de seres mais deslizantes que eu. Mas há sempre uma mão estendida para me levantar. Deambulo, ela também... Falo sem parar, sob o efeito da impostura que minha personalidade multipolar toma, mas a mão continua ali somente para me segurar...
Porque será que nunca permaneço no chão?
Sei que não sou perfeita, nem sequer melodiosa, mas dentro de mim há em todos os momentos uma parte do meu cérebro em festa. Tenho a certeza que um dia vou bailar sem dar um único tropeção. Pois a vida não tem de ter sempre aquele tom tão pardacento. Se não seríamos só uns chorões daltónicos. Nascemos para conseguir captar toda a gama de cores que a vida nos proporciona. Para observar a chuva a cair e logo a seguir o arco-íris nos ditar que o sol brilha bem lá no horizonte. E como sabe bem esta ideia de sabor pomposo!
O que ontem significou uma possível via para a felicidade, hoje guia-me até uma dança desconhecida e tão distinta da que insistia tão inocentemente em permanecer.
E como sabe bem toda esta festa!

terça-feira, 29 de junho de 2010

Conformismo

Conformismo? Tento alcança-lo
De cada vez que me movo de um lugar para o outro
Em busca de encontrar o meu próprio território
Meu campo de batalha para conquistar tudo o que não quero
Porque o que quero está num eixo diametralmente oposto
A meus princípios, a meus instintos
E as lágrimas escorrem sempre que me escondo
Não sei o porquê de me isolar quando só quero ver multidões
Quando desejo que me abracem mais intensamente que um abraço
Mas se digo isto, corro de modo inverso aos meus anseios
Talvez por o cansaço dominar a força que nunca tive
A força que exploro e que meio mundo inveja
Por mais que pense em parar, algo me impede
Assim corro sem direcção em busca de mentiras
Não tão falsas como a minha efémera existência
Como uma substância sem núcleo substancial
Escorrendo pelas estradas e ruas sem nacionalidade
Derretendo sob a influência do sol que não me ilumina
Pois a única luz que me fortifica é o rasto de coragem
E ilusão...
Tanta ilusão numa fantasia em que não coexisto com ninguém!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Reivindicação

Como é possível visão tão fatalista do mundo
Onde as chamas que por mim já penetraram abalam fundo
Toda esta cólera que trespassa sem ser visível
Um só rasto de contentamento no seu mais lato nível
Quando as janelas se abrem e o ar entra sufocantemente
Confundindo as manchas de sangue coagulado que tão pavorosamente
Cobriram o cobertor em que deitada franzia a testa e suspirava
"Já são cinco da matina" - dizia eu enquanto dominava
Estes pensamentos corroborados pelo relógio que insiste em remexer
Tantos momentos tenebrosos que me marcavam para prevalecer
O grito dominado pelo choro de quem se questiona
E refaz o castelo de cinzas que nunca desmorona
Nesta manhã que está para renascer por entre o brilho
Que a lua cheia transborda como a pólvora que corrói algo se outro "algo" quiser puxar o gatilho
De uma pistola na tentativa de revolucionar o que nunca foi ditatorial
E procura-se assim a paz usufruída no pós-colossal
Eu sei que não é queimando casas ou matando os fantasmas do domínio que o pavor vai acabar
Mas preciso que seja feito jus a toda a revolta que em mim entrou para ficar
Já não consigo ter o corpo relaxado e saber que em actividade é que se constroem civilizações
Se esta ideologia é assim tão verosímil, porque não param de aderir em massa a essas funestas orações
Que fazem meio mundo acreditar que algo transcendente está para vir
E assim se alimenta milhões que pensam que já tentaram de tudo para voltar a sorrir
Modo polifónico dos gemidos que consomem um pobre ser lunático e pensante à procura de saber
A resposta para todas as dúvidas existenciais que já se apoderam do meu ser
E porquê falarmos de Filosofia quando as interrogações sem resposta à vista angustiam quem luta pela verdade?
E se as leis matemáticas nos guiam com maior precisão à conquista da imunidade
Que necessitamos para resistir a toda esta agonia tal como se combatem vírus com vacinas
Para quê evitarmos ser nós mesmos com políticas menos falaciosas e continuarmos a olhar só lá para cima e calcar minas?

domingo, 25 de abril de 2010

Tudo quanto sei...

Não consigo pensar em nada
Tudo quanto sei é tristeza
Escrevo numa lápide meu nome
Pois a morte dá-me calma, leveza
Fixo o meu olhar em frente
O que vai lá atrás não existiu
É um passado que não me pertence
É de alguém que não se mediu.
Porque a pensar sou o que fiz
E sonhando farei pior, certamente...
Melhor será parar nesta estação
Antes que meu coração fique dormente.
Anseio pelo dia da minha amnésia
Dia em que farei, e não mais lembrarei
Tempo em que vou ser sem me sentir
Vida "renascida" em que não sofrerei.

Espero...

Sou um esboço de lágrimas pensativas
Capazes de ultrapassar a chuva lá fora
Quero sentir que sou masoquista
Preciso de achar um calmante aqui e agora.
Uma nuvem de mágoas, e muita dor
É o que resta em toda a minha essência.
É aquilo que me mantém em sintonia,
Com a realidade triste da minha vivência.
Sonho com o fim da trovoada,
Anseio pela chegada da Primavera.
Mas eu só capto esta árdua estação
E então, minha utópica alegria já era.
Ó chuva! Não molhes meu jardim...
Deixa todas as flores secarem
E que as pétalas mostrem muita cor
Se em minha casa vendavais passarem...

domingo, 18 de abril de 2010

Batalha(s)

E se me apanho a divagar em órbitas diametralmente inversas?
Nem queiras saber!
Facto é que já não me encontro no mundo que criei
"Aquele" feito de vidros duplos em que me encontrava comportada
E onde balas vindas de tropas inimigas faziam ricochete
Nada me atingia...
Quis ser heroína e combater finalmente sem escudos
Abri as portas espirituais e derrubei muros
Mas esqueci-me de afinar a mira e treinar as tácticas
Com espontaneidade ataco, mas não me defendo...
E surges num rompante tão malévolo
Invades meu território sem escrúpulos ou diplomacias
Simplesmente porque eu o permiti...
E agora dizes querer sair, e eu sei que queres...
Ora isto sem antes quebrares os restantes ossos que a nuvem do meu cadáver ainda possui
E em meus olhos insistes em penetrar como um mestre que contra-ataca com truques que paralisam e hipnose barata
Eis que compro o manual de auto-defesa e adquiro a espada sagrada
Desbotada de sangue e purificada com imunidade
Agora aniquilo teu rasto de perseguição e sadismo
Onde me propus inegavelmente a ser tua mártir
E deixo-te seguir rumo à cidade que consideras ser santa
Que te leva ao futuro e à felicidade inefável
E eu sorrio... pois sei que já não há mais motivos para derramar uma única semi-lágrima
Parte o teu corpo extasiado de raiva e já sem vida e eu volto a nascer para mais guerras que hão-de surgir...

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Cidade deserta

É uma luz que se acende por entre peças
Tão estáticas quando gotas de água escorrem nessas
Estradas da vida onde só eu passo tão subtilmente
Navegando por becos não mais habitados por gente
Tornei-me um mutante em vias de se transformar
E fechando veemente os olhos começa a divagar
A ouvir as cascatas que tentam fugir deste vazio
Agora só as minhas lágrimas enchem o rio
De poluição e sofrimento que aparece assim do nada
Insistem em perturbar esta fantasia em que uma fada
Surge para tentar mudar o meu mundo virtual
No qual aparece mais uma luz para suspender este mal
Não, é apenas algo que me solicita uma informação
Um sinal vindo da minha parte como um ladrão
Que tenta possuir o pedaço terminal vindo de mim
Pressinto que a vida foi criada para ser assim
E nela os ricos ingerem a restante sabedoria
Que guia um mendigo a quebrar esta melancolia
E mijo na água simplesmente para a fazer crescer
Sei que dar um pouco de mim é tudo o que tenho a fazer
O líquido deste pequeno regato corre para o mar
Tão previsível a minha ideia submissa e vulgar
Entro agora num desvio onde há automóveis
Que passam a cem à hora sendo puramente imóveis
Pisca também uma nova luz, talvez uma novidade
Desiludo-me quando vejo que é uma demonstração de que me encontro nesta inútil cidade...

segunda-feira, 22 de março de 2010

Para não sei quando...

Quando penso estar completamente só
Aparecem sempre as melhores companhias
Espíritos que prevalecem entre as trevas
E que na escuridão são os meus guias
Sorrio por entre lágrimas incessantes
Agradeço a Satanás por me auxiliar
Trazendo ao "mundo" alguém que partilha
A mesma vida que eu neste estranho lugar
Nada me assusta, tudo me acalma...
Para quê me sentir ofuscada ou impaciente
Com seres que possuem os mesmos ideais que eu?
Tento apenas ser realista, não demente...
Sei que me irão sempre julgar e dizer
Que meu cérebro está inserido de modo errado
No entanto, só tenho de me sentir feliz
Por descobrir e aceitar de bom grado o meu fado
De estar presente num local que me é estranho
E em simultâneo comunicar com o sagrado além
Porque todos nós sabemos que iremos morrer
E sentir na pele o nosso fim como ninguém
Vou-me habituando a todos estes dias vitais
Para que no futuro nada seja novo ou enfadonho
Falo com quem já observa tudo de um modo real
Pois sei que não sou excepção e o meu julgamento final será tudo menos...
RISONHO!

segunda-feira, 1 de março de 2010

O cigarro estelado

Sou só eu no meio desta escuridão
Não tenho crença, não tenho religião
Já estou destituída do que me faz crer que nada foi em vão
E assim ouço o silêncio, ao mesmo tempo que pára o coração
Cigarro este que me ilumina, que me apazigua
Em cima estão as estrelas, que será feito da lua?
Tento aquecer-me por entre os cobertores, mas estou nua
E sentir falta de alguém faz-me questionar porque algum dia quis eu ser tua.
Fora do meu mundo que tudo é, menos redondo
Ouvem-se gritos, que me fazem gemer, mas que já nem sondo
E com os pequenos rastilhos de tinta que me restam vou pondo
Aquilo que por dentro de mim fez com que desse um estrondo
"Será que algum dia vais mudar?" - perguntas tu com ar pouco optimista

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Estrada(s)

Ando a vaguear nesta rua de solidão
Vejo dementes passar por entre o clarão
Tudo o que me resta é tentar fingir
Que com eles tenho de prosseguir.
Desço as escadas e sigo a trajectória
Só me cabe encontrar o caminho para a glória
Mas para virar na esquina vejo-me fodida
Lá estão os cães que latem e seguem a minha corrida
Querem que eu pare e perca a pedalada
Antes que eu triunfe e chegue à avenida encantada
Então mostro-me segura e controlo o receio
Falho! Infelizmente um pedregulho aparece lá no meio...
Caio e os bichos contam-se pelos tentáculos para me morder
Tudo o que me resta agora é escolher
Ser devorada e manter o meu corpo abraçado
Ou lutar sozinha pela conquista que só se me apresenta depois da morte me ter alcançado?

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Penso e não escrevo

Não consigo escrever nada
Que me tire este fatal vazio
A noite surge tão encantada
Por ver cessar meu pensamento esguio.

Visto meu casaco de cetim encarnado
E parto para gritar na rua.
Solto os cabelos que acompanham este fado
Descubro que a lua é minha e não tua.

Peço para o vento parar de soprar
Saboreio o momento sem turbilhão
E é por tentar tantas vezes me alcançar
Que fico perdida no meio da escuridão.

Eis que surge por entre o meu rastilho
A luz que dita que caminharei para um novo dia
Sonho com o ano em que o mundo terá um filho
Que seja melhor que eu e capaz de estabelecer a harmonia.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Ouço ou calo-me

Ouço vozes na rua. Sim, eu ouço vozes na rua. Elas berram silenciosamente. E eu quero tanto senti-las! Gosto de me sentir só e gosto de sentir que não sou a única a falar em vão. Desejo ser incompreendida sempre que percebo que não consigo compreender os outros.
Continuo a escutar as vossas vozes. Vozes estranhas que não desconheço na totalidade. São vozes que dizem que não devo parar para as tentar perceber. Elas misturam-se, conciliam-se, cruzam-se numa ligação desligada. Falam e não sabem o que dizem. Não merecem a minha valorização. Quero gritar no ínfimo vazio sem ouvir eco. Quero cantar, bailar e gritar (não necessariamente por esta ordem tão aleatória) num mundo igual em que só eu represente a pluralidade. Façam-me sentir intrusa, alienada até num planeta em que a diferença é o veneno social. Gritem ao meu ouvido para conseguir adormecer... Calem-se, que o silêncio acorda-me! No mundo dos sonhos sou feliz, sou feliz e sou feliz, e penso na utopia tão real, aquela em que só eu consigo tocar. Só eu! Ah! E tenho acrescentar algo que, no meu cérebro inflamado, penso que ficou por dizer: sou feliz!
É tão boa esta exclusividade! Fatal, diria eu... Quando acordar, sei que finalmente vou ser o que nunca havia sido outrora. Sabem o quê? Prefiro que tentem adivinhar... Sei disso, por me inserirem nesta realidade tão virtual aos meus olhos que é viver convosco! Esta vida que me faz sentir uma máquina onde não tenho de gastar o meu cérebro a pensar. Só ser manipulada. Isso era tão bom se eu não quisesse ser alguém... Alguém no mundo do Ninguém...
Não pertenço a este mundo. Só ao meu... Onde serei... Vou tentar lembrar-me e depois digo-vos...

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

P*** de realidade

Falas em discriminação
Quando cagas merda do teu coração.
A pura verdade não faz sentido
Nesta sociedade em que defeito dá prisão.

Não consegues ser singular,
As bocas cínicas fazem-te calar
Num mundo da contra facção
O que conta é produzir e agradar.

Corta, esmaga, destrói, tritura, mata!
Come-me!
É essa a vida de quem é alguém
Mas deixa-me ser eu mesma
Fodendo as cópias que se contam infinitamente de cem em cem!

E porque não aqui dizer:
És igual aos demais, vai-te foder!
Quantos são os dias que chego a casa
Depois de vos ouvir a contar
Que o bófia vomitou no guna
Durante a época nocturna
Onde só vos interessa novidade
E temas em comum
Falar de algo em paralelo
Será um gajo, um merdas, um...

Corta, esmaga, destrói, tritura, mata!
Come-me!
É essa a vida de quem é alguém
Mas deixa-me ser eu mesma
Fodendo as cópias que se contam infinitamente de cem em cem!

Chegou o tempo de antena
O pai-natal foi ao cu à rena
Que momento! Que notícia!
Meus anormais espectadores,
Há que seguir as novidades com perícia
É que lamento informar-vos,
Mas esse gajo não existe...
Não dêem credibilidade aos contos
Só porque alguém vos disse.
Há que abrir os olhos e acertar os pontos.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

"Jornada para (sei lá"!)"

Conto os degraus até chegar onde ambiciono…Sim, conto um por um…E já vou no centésimo, e transpiro, cuspo vozes malévolas…Quanto mais olho, menos alcanço…E, finalmente, descubro algo novo: a miragem! Sim, eis que a esperança se apodera de mim! Não! É só a ilusão de alcançar o topo, e o caminho a percorrer ainda é longo…
Sei agora qual o meu erro: caminho e olho para trás…deslizo por entre os degraus e falo de cada pegada com intranquilidade…quero conquistar o mundo sem dor, quero ser feliz sem batalhar…falo desta jornada incessante, sem aceitar o facto de a estrada para o céu ter portagens…estática em meus pensamentos orgulhosos, gulosos até, esqueço-me de tirar o bilhete…caio assim de novo no reino ao qual sempre pertenci e que nunca irei abandonar, pois o comodismo apodera-se da minha pessoa e não quero arriscar de novo algo que julgo não ser capaz…
Porque somos humanos e não espirituais? Porquê acreditarmos que há alguém superior a nós quando a superioridade está no nosso eu ? Vou hoje mesmo criar uma religião só minha, uma religião cujo único fiel que possui sou eu, onde os mandamentos são arbitrários e onde eu voo sem pensar que a cada barreira alguém me espera e me tenta empurrar…

"Identidade de outrem"

Sou quem não se encontrou
Sou alguém sem paradeiro
Uma pequena sombra do vasto nevoeiro
Que no céu lugar procurou.

Sou quem não quer ser
Sou uma miragem a mim própria
Da utopia de alguém que me apropria.
Existo e ninguém me quer ver.

Para quê desejar tanto existir,
Se existindo, nada nos quer sentir?
É melhor continuar no imaginário.

Quero de meu corpo sair,
Embora apenas a alma possuir.
Meu nome ficou esquecido no inventário...

"Nada para além do meu ser"

Olho-vos com uma cegueira tão cansada
Vocês, que dizem que não vejo, mas escuto!
Quebraram meu silêncio e meus sentidos
E eu acabei por vos tocar,nua e de luto.

Paranóia a vossa ao dizer que imagino!
Não é verdade! Agora não é mais...
Ontem estive eufórica, hoje não estou...
Amanhã serei da tristeza apenas sinais.

Penso seriamente ser o vosso reflexo
O que hoje sou, não serei mais anteontem,
Porque o meu tempo é um total paradigma
E não deixo que os ponteiros por mim contem...

Quem disse que meu egocentrismo me pertence?!
Sou apenas proprietária de meu coração
Responsabilidade que me foi atribuída por "Deus",
Esse que ninguém viu, mas que merece "a oração".

Se eu não sou nada neste mundo,
Para quê me serem atribuídas as culpas?
O ser superior e "justo" que me criou
É que me manipulou e nem pediu desculpas.

"Complexidades de um simples universo"

Versos soltos nos quais escrevo
Toda a minha filosofia morta.
Rima por rima me vou apagando:
É esta a poesia que me suporta.

Não tenho céu nem tenho chão:
Tenho uma plataforma de desilusões.
Meus pés descalços estão gelados,
Minha cabeça já não penetra emoções.

Quero o sol e quero a lua...
Quero tudo aquilo que não existe.
Querer o impossível e nada obter
É meu destino factual e triste.

Planeta paradoxal no qual habito,
Repleto de pedras e mar e gente...
Sou alienígena naquilo em que me vejo
Tudo me olha, mas ninguém me sente.

Talvez numa outra realidade, verosímil dimensão
Eu me vá sentir o que sempre julguei merecer
Sou alguém que de tantos mundos procurar,
Julga só a sua alma anónima querer...