Como é possível visão tão fatalista do mundo
Onde as chamas que por mim já penetraram abalam fundo
Toda esta cólera que trespassa sem ser visível
Um só rasto de contentamento no seu mais lato nível
Quando as janelas se abrem e o ar entra sufocantemente
Confundindo as manchas de sangue coagulado que tão pavorosamente
Cobriram o cobertor em que deitada franzia a testa e suspirava
"Já são cinco da matina" - dizia eu enquanto dominava
Estes pensamentos corroborados pelo relógio que insiste em remexer
Tantos momentos tenebrosos que me marcavam para prevalecer
O grito dominado pelo choro de quem se questiona
E refaz o castelo de cinzas que nunca desmorona
Nesta manhã que está para renascer por entre o brilho
Que a lua cheia transborda como a pólvora que corrói algo se outro "algo" quiser puxar o gatilho
De uma pistola na tentativa de revolucionar o que nunca foi ditatorial
E procura-se assim a paz usufruída no pós-colossal
Eu sei que não é queimando casas ou matando os fantasmas do domínio que o pavor vai acabar
Mas preciso que seja feito jus a toda a revolta que em mim entrou para ficar
Já não consigo ter o corpo relaxado e saber que em actividade é que se constroem civilizações
Se esta ideologia é assim tão verosímil, porque não param de aderir em massa a essas funestas orações
Que fazem meio mundo acreditar que algo transcendente está para vir
E assim se alimenta milhões que pensam que já tentaram de tudo para voltar a sorrir
Modo polifónico dos gemidos que consomem um pobre ser lunático e pensante à procura de saber
A resposta para todas as dúvidas existenciais que já se apoderam do meu ser
E porquê falarmos de Filosofia quando as interrogações sem resposta à vista angustiam quem luta pela verdade?
E se as leis matemáticas nos guiam com maior precisão à conquista da imunidade
Que necessitamos para resistir a toda esta agonia tal como se combatem vírus com vacinas
Para quê evitarmos ser nós mesmos com políticas menos falaciosas e continuarmos a olhar só lá para cima e calcar minas?
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