Ouço vozes na rua. Sim, eu ouço vozes na rua. Elas berram silenciosamente. E eu quero tanto senti-las! Gosto de me sentir só e gosto de sentir que não sou a única a falar em vão. Desejo ser incompreendida sempre que percebo que não consigo compreender os outros.
Continuo a escutar as vossas vozes. Vozes estranhas que não desconheço na totalidade. São vozes que dizem que não devo parar para as tentar perceber. Elas misturam-se, conciliam-se, cruzam-se numa ligação desligada. Falam e não sabem o que dizem. Não merecem a minha valorização. Quero gritar no ínfimo vazio sem ouvir eco. Quero cantar, bailar e gritar (não necessariamente por esta ordem tão aleatória) num mundo igual em que só eu represente a pluralidade. Façam-me sentir intrusa, alienada até num planeta em que a diferença é o veneno social. Gritem ao meu ouvido para conseguir adormecer... Calem-se, que o silêncio acorda-me! No mundo dos sonhos sou feliz, sou feliz e sou feliz, e penso na utopia tão real, aquela em que só eu consigo tocar. Só eu! Ah! E tenho acrescentar algo que, no meu cérebro inflamado, penso que ficou por dizer: sou feliz!
É tão boa esta exclusividade! Fatal, diria eu... Quando acordar, sei que finalmente vou ser o que nunca havia sido outrora. Sabem o quê? Prefiro que tentem adivinhar... Sei disso, por me inserirem nesta realidade tão virtual aos meus olhos que é viver convosco! Esta vida que me faz sentir uma máquina onde não tenho de gastar o meu cérebro a pensar. Só ser manipulada. Isso era tão bom se eu não quisesse ser alguém... Alguém no mundo do Ninguém...
Não pertenço a este mundo. Só ao meu... Onde serei... Vou tentar lembrar-me e depois digo-vos...
Que maldade fizeram as teclas as quais eu carpia minhas magoas
ResponderEliminarQue já não me socorrem nem auxiliam e apenas assobiam e passam ao lado
Como foi possível deixarem de ser parte de mim
Abandonarem o monstro que criaram, simplesmente
Começar uma nova vida onde poderia voltar aos tempos em que as ideias eram tudo que eu tinha
Que nada nem ninguém me pedia para continuar
Apenas o gosto me forçava a voltar
Só mais um texto pensava eu
E acreditava que por muito maus que fossem alguém ia gostar
E fui crescendo e o gosto morrendo a pouco e pouco ate voltar
Já não era igual arma diferente que aqui encontrei
E se a verdade não e mais do que um conjunto de palavras quando elas são ditas de forma que nos agrada
Sim porque a verdade deixou de ser um conjunto de factos
Para ser apenas e só aquilo que os que mandam querem ouvir
A verdade e que voltei a bater lhes para agradar a alguém
Com intuito tão repugnante e estimulante como só o pecado consegue ser
Mas de facto se as musas me obrigassem a escrever seria eu
Este lunático ser de pontos perdidos e ideias forcadas
Ou a clareza do servo que obedece as ordens do nobre que o chicoteia mentalmente para prosseguir mais um verso encontrar uma rima ou apenas escrever
Porque as palavras gratuitas a muito que se paga por elas
E a liberdade de quem as tem e não aproveita deveria ser crime
Tal e qual o uso que eu lhes voltei a dar
Escrever para agradar
Amar e amor ódios e rancor tudo isso passou por estas mãos
Sem razão aparente de ser alguém tão novo que já chorou e fez sofrer
Seria esse dia o tal onde escreveria por gosto e não por um motivo ao qual a choradeira que nunca nada resolveu teria de parar
Eventualmente e ponto por ponto ser assente uma nova convenção
Escrever por prazer sim ou não
E o bicho adormeceu os sonhos de me expressar
De poder compreender tudo que sinto dentro de mim a marinar
O inconsciente que sou para não ter de raciocinar
Faz me mal acreditar que tudo consigo só porque sim
E tornas me a dizer que a humildade tem que estar presente para me acalmar
Respiro fundo e pego no lápis por fim
Será que tinha mesmo que ser assim???